Você já imaginou o que aconteceria se os personagens de seus contos de fadas favoritos ganhassem vida e aparecem diante de você aqui no mundo real? Se você nunca pensou nisso, em “Encantada”, os estúdios de Walt Disney trazem a primeira princesa de carne e osso, num filme que além de misturar animação tradicional com personagens reais, vai emocionar e encantar a crianças, jovens e adultos de todas as idades.
O mais novo conto de fadas dos estúdios Disney, não poderia começar de outro jeito, da já tradicional cena do livro de histórias se abrindo, dando assim inicio ao retorno da animação tradicional, sendo que logo no inicio somos apresentados a Giselle, uma bela camponesa que está em sua casa montando um boneco do príncipe de seus sonhos, sendo que para ajudá-la em tal missão, ela invoca seus amigos animais da floresta em busca da boca para finalizar seu grande amor. É assim que somos apresentados a mais nova princesa Disney, que enquanto monta seu grande amor, canta a simpática canção “True Love's Kiss”. Enquanto canta em sua casa, dentro da floresta está o corajoso e valente príncipe Edward, que passa os dias lutando contra ogros, mas ele percebe que sua vida só terá graça, quando ele encontrar seu grande amor, é ai que ele escuta uma bela voz e pela qual passa a procurar a dona. Edward acaba encontrando Giselle e a salva do ogro que estava também atrás da moça que tinha aquela bela voz que ecoava por toda a floresta. Assim que ambos se conhecem acabam se apaixonando a primeira vista e o casamento é já marcado para dia seguinte para que assim possam finalmente viverem felizes para sempre.
Na manhã de seu casamento Giselle vai em direção ao palácio enquanto seus amigos animais a ajudam a se arrumar, mas ela não sabe que a cruel rainha Narissa fará de tudo para que esse casamento não aconteça e assim continue a comandar o reino encantado. Disfarçada como uma velha mendiga e leva Giselle até uma fonte mágica, na qual ela conta que ao se fechar os olhos e fazer um pedido, esse pedido irá se realizar, ingênua, Giselle acredita e quando se aproxima é empurrada para dentro da fonte. Giselle acaba sendo levada para o mundo real, para ser mais exato a cidade de Nova York, nos EUA. Perdida na cidade ela encontra o advogado Robert, que ajuda a moça, a pedido da filha que acredita que Giselle é mesmo uma princesa de contos de fadas. Edward ainda no reino encantado descobre que Giselle sumiu e parte em busca da amada, chegando também a estranha cidade, na qual fará de tudo para encontrar seu grande amor, mas mal ele sabe que enquanto mais tempo Giselle passa no mundo real, mais ela começa a gostar das coisas, mas nunca deixa de acreditar que Edward, seu verdadeiro amor irá chegar para buscá-la daquele lugar tão estranho e novo.
Daí por diante, “Encantada”, toma rumo e trás para o público, um dos mais divertidos e emocionantes filmes voltados para toda a família dos últimos tempos. Como já é citado o filme é um marco para os fãs de animação, por ser o retorno da Disney as produções feitas com animação tradicional, já que o estúdio acabou decidindo em 2003, abandonar a produção de animados tradicionais julgando que essa formula estava desgastada, já que os últimos animados do estúdio em 2D, acabaram não fazendo sucesso de bilheterias e vendas, mesmo tendo boas histórias. Desde a estréia de “Nem Que a Vaca Tussa” em 2004, os fãs aguardavam com entusiasmo a chegada de “Encantada, já que o estúdio que deixou a técnica de animação a lápis de lado, mas até hoje é conhecido pelos seus grandes clássicos criados nesse formato. O filme apresenta aproximadamente dez minutos de animação, sendo que a partir do momento que Giselle e Edward estão já na cidade grande, apenas Narissa aparece em animação durante o filme para falar com seu capanga Nathaniel, que também segue Edward, para que ele não consiga encontrar Giselle. A animação dos personagens ficou muito boa, sendo que ainda não se compara a perfeição de clássicos do estúdio do começo da década de 90, que traziam personagens que aparentavam mesmo ter vida própria.
Claro que a cidade mais movimentada e conhecida dos EUA, Nova York, seria palco do novo conto de fadas moderno, sendo que assim que a princesa é apresentada ao novo lugar, percebemos o estranhamento que ela tem, a cidade é totalmente colorida e cheia de informações por todos os lados, uma grande poluição visual, pelo excesso de informações, deixando qualquer pessoa que nunca tenha visto tudo aquilo totalmente desnorteada. Uma curiosidade é perceber que o estúdio na hora de produzir o filme escolheu uma rua muito colorida repleta de cartazes de musicais da Broadway que são mostradas na cena da chegada de Edward e Giselle, fazendo um tipo de homenagem ao gênero que vem crescendo não só nos EUA, mas em diversos outros países, até mesmo aqui no Brasil, já mostrando também que o filme também trará essa essência de um grande filme musical.
Desde que começaram a surgir as primeiras criticas sobre o filme, muito se falou da atuação de Amy Adams, que vive a jovem Giselle, apontando que a jovem atriz tem grandes chances de levar a indicação ao Oscar de Melhor Atriz, por sua atuação no filme estar mesmo muito boa, já que ela consegue passa inocência e um espírito otimista para todos os problemas que são apresentados para ela durante o filme, fazendo caras e bocas e assim mostrando durante todo filme que ela conseguiu entrar de cabeça dentro da personagem e se tornando uma perfeita princesa clássica do estilo Disney. Assim conseguindo realmente fazer qualquer um acreditar que ela é verdadeiramente uma princesa que saiu mesmo dos contos de fadas e está totalmente perdida em um lugar estranho. A atriz Susan Sarandon que vive a vilã na história, a terrível rainha Narissa, foi usada como principal símbolo para a divulgação do filme, mas infelizmente no momento em que saímos do cinema após o término do filme, acabamos sentindo que faltaram mais cenas para a atriz, que acaba aparecendo apenas no terceiro ato do filme. Durante todo o primeiro e segundo ato do filme conferimos a personagem apenas em animação, mas se pensarmos bem nota-se que se Narissa fosse logo para a cidade atrás de Giselle, o filme acabaria perdendo a graça, por ficar parecendo que a vilã não tem capacidade de acabar de vez com a heroína, mas o fato de usarem o personagem do ator Timothy Spall, como o capacho atrapalhado da rainha, faz com que o filme ganhe algumas cenas de comédia e mais movimento, para que ao fim a grande vilã apareça apenas no clímax do filme.
O ator Patrick Dempsey que atualmente vem tendo sua beleza elogiada em diversos sites e causando suspiros nas mulheres, acabou não passando em branco no filme, tendo a terrível missão de cativar o público mais do que o príncipe, já que ele também se apaixonará por Giselle. No geral, tanto ele como o príncipe tem um carisma próprio, fazendo com que ninguém fique chateado com a escolha da princesa. O grande destaque de “Encantada” é mesmo o Príncipe Edward, vivido por James Marsden, nos trailers do filme você acaba não percebendo todo o potencial do personagem por darem mais destaque a princesa e o advogado Robert, mas Edward tem muito carisma fazendo com que todos torçam para que ele encontre seu verdadeiro amor e se de bem. Ele ao lado do esquilo, feito por animação 3D, são os responsáveis pelas melhores piadas inteligentes do filme, já que o príncipe assim como Giselle é ingênuo e faz de tudo para poder conseguir salvar seu grande amor. James fez um trabalho tão bom com o príncipe que com certeza vai agradar tanto quanto os outros personagens e com certeza é o típico príncipe encantada que vai fazer muita menina suspirar.
Voltando a falar de Susan Sarandon, o marketing da Disney divulgou a nova personagem da atriz até dizer chega, até mesmo dizerem ser a vilã mais perversa da Disney, informação essa não muito verdadeira, pois ainda acredito que a Disney ainda precisa de mais tempo para poder voltar a ser o que era, pois na segunda era de ouro do estúdio, na década de 90, fomos apresentados a histórias, mocinhos e até mesmo a vilões que até hoje são lembrados. Claro, que Narissa é uma excelente vilã, tem seu final merecido, em nenhum momento tem recaídas para a bondade e é tão perversa como diversos outros bons vilões Disney, mas ainda acredito que por culpa do enorme marketing jogado em cima apenas da vilã, faz com que muitos pensem que ela teria grandiosas cenas, o que não acontece, mesmo que Susan tenha tido uma ótima atuação.
“Encantada” apresenta um total de seis canções cantadas, criadas pelo aclamado compositor Alan Menken (que trabalhou em trilhas de sucesso como “A Pequena Sereia” e “A Bela e a Fera”) e o letrista Stephen Schwartz (o mesmo de “Wicked”), ambos já tinham trabalhados juntos em animados como “Pocahontas” e “Corcunda de Notre Dame”, sendo que essa parceria para a produção de “Encantada” só trouxe benefícios ao filme, já que a trilha sonora conseguiu trazer o espírito Disney de volta, espírito esse que há tempos estava faltando nas produções Disney, já que houve época em que as trilhas sonoras Disney estavam sempre presentes nas grandes premiações como o Oscar. A canção “That's How You Know” é a melhor do filme todo, por apresentar uma energia que te contagia e faz você querer cantar com Giselle. Claro que novamente repito, não ser esse o melhor trabalho de Alan Menken, como muitos estão concordando, mas o com certeza vemos que os estúdios Disney estão voltando a sua boa fase de antes.
Se a Disney está querendo reviver a sua grande fase, é claro que não ia deixar de lado os seus famosos números musicais, com coreografias, piruetas, pessoas dançando de todos os lados, já que parece que esse estilo de filme parece estar voltando a agradar as pessoas. Vale lembrar que na década de 80 tivemos diversos filmes desse gênero que acabaram sendo esquecidos aos poucos, mas tudo indica que esse novo gênero está voltando com tudo, pois o público parece voltar a se interessar aos grandes musicais como “Moulin Rouge”, “Chicago” e atualmente “Hairspray: Em Busca da Fama”.
Muitos podem achar que “Encantada” poderá trazer esses grandes números de dança por causa do sucesso de “High School Musical”, mas vamos lembrar que “Encantada” está em produção desde 2001, época que ninguém imaginava que “High School Musical” seria produzido e ainda, que faria sucesso, por isso não tem muito a ver a tal comparação. Fora que o longa-metragem se destaca de todos esses musicais citados pelo fato de trazer consigo a magia Disney que consegue contagiar gerações e nunca ser esquecida, magia essa que estava faltando em diversos filmes Disney.
Para um filme que trás de volta a animação tradicional aos estúdios Disney, com certeza muitos devem esperar que as melhores cenas do filme são as cenas animadas, ou então algum dos números musicais que lembram os grandes musicais da Broadway, mas como o longa-metragem está sendo classificado como uma comédia-romantica, eu digo que a cena do baile de Reis e Rainhas, onde Edward dança com Nancy e Giselle com Robert ao som da canção “So Close”, aonde percebemos que Giselle está mesmo apaixonada e que finalmente encontrou o seu grande amor, é sim a melhor cena do filme inteiro. Uma das cenas que poderá entrar para a história dos filmes Disney, por toda a sua delicadeza e romantismo, muitos chegaram a dizer que a cena seria um tipo de homenagem a famosa cena do baile de “A Bela e a Fera”, quando Bela se apaixona pela Fera, confesso que se foi mesmo uma homenagem feita pela Disney para os fãs, a homenagem está perfeita, já que a cena passa a mesma sensação, emoção e beleza, sendo que até me atrevo a dizer que a cena consegue ser melhor que a de “A Bela e a Fera”, já que ela consegue te levar para dentro do baile durante alguns estantes, você se sente dentro do filme, presenciando com a mesma emoção. Outra cena a ser destacada é o jeito surpreendente pelo qual Giselle começa a se apaixonar por Robert, divertidíssima por sinal e totalmente surpreendente.
Muitos devem ter reparado que os pôsteres de “Encantada” como nos próprios trailers do filme, apresentam diversas referencias a animados dos estúdios Disney. Alguns poderão interpretar como falta de criatividade do estúdio para uma nova história, mas verdadeiramente o estúdio está prestando um tipo de homenagem moderna aos 70 anos desde o primeiro longa-metragem Disney, já que no dia 21 de Dezembro de 1937, aconteceu a pré-estréia de “Branca de Neve e os Sete Anões”, o primeiro longa-metragem de animação feito na história do cinema. Para homenagear esse animado e outros, a Disney colocou em “Encantada” essas diversas referencias, algumas gritantes e outras escondidas que somente os fãs dos clássicos Disney vão ter facilidade de encontrar. A rainha se transformar em velha mendiga para entregar a maça envenenada para Giselle, Giselle limpando o apartamento de Robert com os animais da cidade enquanto canta “Happy Working Song” (ambas de “Branca de Neve”), Giselle deixando o sapatinho cair no baile (“Cinderela”), Giselle e Robert deslizando pelo telhado do baile (“O Corcunda de Notre Dame”), o restaurante com nome de Bella Notte (“A Dama e o Vagabundo”), a canção “Parte do seu mundo” tocada instrumentalmente enquanto Giselle olha um aquário e Giselle (“A Pequena Sereia”), entre outras, foram um jeito de homenagear ao próprio estúdio que muitos vêm dizendo estar entrando, com “Encantada”, em sua terceira era de ouro. Além disso, para mim a maior homenagem feita no filme, foi à escolha da atriz e veterana, Julie Andrews, para a narração desse conto de fadas, ela até hoje é conhecida por sua atuação como a babá Mary Poppins, papel esse, que lhe abriu portas para outros trabalhos que até hoje são lembrados e estão presentes na história do cinema.
Que “Encantada” pode ser o filme que dará início a uma nova era de ouro dos estúdios Disney, isso somente o tempo dirá, a Disney vem preparando uma nova linha de contos de fadas, que parece estar agradam muito aos fãs que vem a anos acompanhando o estúdio, sendo que não apenas Giselle, mas outras novas princesas vão estar sendo apresentadas ao público nos próximos anos, mas “Encatada” depois de mais de 5 anos de produção é um filme encantador, que trás de volta a magia Disney que havia sido esquecida, há quase 10 anos. O filme tem sim alguns defeitos, poderiam ter aproveitado a presença de Idina Menzel para que ela também cantasse alguma canção no filme, mas parece que a Disney colocará uma canção dela cortada no DVD, menos mal para os fãs que se decepcionaram. O ponto alto do filme é mesmo algumas criticas que a Disney faz para os próprios contos de fadas, já que atualmente as meninas não pensam em encontrar mais o príncipe encantado. A atuação brilhante do trio James Marsden, Amy Adams e Susan Sarandon e as belíssimas canções de Alan Menken e Stephen Schwartz, que tem grandes chances de receber indicações ao Globo de Ouro e quem sabe ao Oscar, são o que fazem de “Encantada” uma bela e divertida história de amor, com muito romance, canções viciantes e números musicais dignos de um espetáculo da Broadway, sendo a pedida das férias para pessoas de todas as idades, agradando em cheio a família inteira.
NOTA: 10