Estúdios Pixar confirmam seu auge com o nostálgico "Up - Altas Aventuras"
Não dá nem pra comparar. A Dreamworks de Steven Spielberg pode fazer grandes sucessos como "Shrek", mas a Pixar faz animações melhores. Depois do ousado "Wall-E", o estúdio de John Lasseter volta com "Up - Altas Aventuras", a primeira animação em 3D a abrir o Festival de Cannes, uma homenagem nostálgica aos grandes filmes de aventura na linha de "A Volta ao Mundo em 80 Dias".
Viúvo e solitário, o vendedor de balões aposentado Carl Fredricksen (a cara de Spencer Tracy) está prestes a ser enviado para um asilo quando resolve fugir de maneira original: amarra centenas de balões coloridos no telhado e faz sua casa voar pelos ares, levando-o até as montanhas da América do Sul.
Só não contava que um menino teimoso, o aprendiz de escoteiro Russell, o seguisse na viagem. Lá, eles encontram um recluso explorador (a cara de Kirk Douglas, dublado por Christopher Plummer) e seu exército de cachorros falantes. A imagem da casa voando com os balões coloridos é daquelas que colam na memória. Mas mais do que belas imagens ou animação de última tecnologia, a Pixar tem sempre bons personagens e uma história nostálgica, que lembra também o otimismo e o valor da amizade dos filmes de Frank Capra nos anos 30.
"Levamos cerca de quatro anos em cada um dos nossos filmes. Nesse tempo, quase três anos são dedicados ao roteiro, mais do que os dois anos dedicados à animação", disse Lasseter na coletiva. Sobre a honra de abrir Cannes, o diretor Pete Docter brincou: "É certamente um dos momentos mais altos de nossa carreira. Não vejo a hora de ver o povo de black-tie usando óculos 3-D na sessão de gala".
Lasseter assumiu que "Up" tem grande influência do animador japonês Hayao Miyazaki, diretor de filmes como "A Viagem de Chihiro". "É um mestre que celebra sempre os momentos calmos em seus filmes. Ele nos ensina que a história precisa respirar, não pode ter só ação".
Sobre o futuro da animação, Lasseter também é nostálgico. "Todos agora querem enterrar o 2D, virou o novo bode expiatório da animação. Dizem que as pessoas não aguentam mais o 2D, mas acho que elas só não querem histórias ruins. Em breve, vamos viver um retorno da boa e velha animação a mão", afirmou, citando o próximo projeto da Disney, o tradicional "A Princesa e o Sapo".
Cannes decola com filme de animação em 3D "Up"
CANNES (Reuters) - Uma comédia de aventura animada ajudou a infundir otimismo na abertura do Festival de Cinema de Cannes este ano, quando o maior e mais glamuroso evento do cinema se preparava para desenrolar o tapete vermelho, na quarta-feira.
Dirigido por Peter Docter e produzido pelo estúdio Pixar, da Disney, "Up" já foi saudado como triunfo em críticas antecipadas e foi aplaudido calorosamente na sessão inicial para a imprensa, na qual jornalistas usaram óculos especiais para enxergar seus efeitos tridimensionais.
"Uma aventura cativante de uma dupla improvável que se torna mais engraçada e empolgante à medida que avança", foi a descrição feita pelo jornal especializado Variety do filme, história de um vendedor aposentado de balões e um escoteiro que voam para a América do Sul.
"Up" não faz parte da competição principal em Cannes, mas acrescenta ao festival o toque de magia de Hollywood que é uma parte grande da mística de Cannes e pode ajudar a contrabalançar o clima de ansiedade e cautela na cidade este ano.
Sentimos muito pelo padre brasileiro, dizem produtores de animação da Pixar
Animação conta história de velhinho que viaja suspenso por balões. Longa-metragem foi exibido nesta manhã na programação de Cannes. Tudo não passa de uma mera coincidência, mas a história do padre brasileiro que desapareceu em Santa Catarina e foi encontrado no estado do Rio de Janeiro há cerca de um ano, ao tentar bater um recorde voando com balões de festa, emocionou a equipe de "Up - Altas aventuras", nova animação da Disney/Pixar que foi exibida pela primeira vez à imprensa nesta quarta-feira (13) no Festival de Cannes.
Escolhido para a sessão de gala de abertura do evento, logo mais às 14h (horário de Brasília), o longa conta a história de Carl, um velhinho de 78 anos que perde a mulher e decide voar para a América do Sul amarrando milhares de bexigas coloridas em sua casa.
"Nós ouvimos falar do padre. Sentimos muito por ele", disse o produtor-executivo Bob Peterson em entrevista coletiva nesta manhã em Cannes. "Nos Estados Unidos também tem um sujeito que junta dinheiro e duas vezes por ano sai fazendo a mesma coisa." O episódio do padre Adelir de Carli, no entanto, não inspirou nem alterou o rumo do filme, que já vinha sendo escrito há quatro anos.
Em tom meio de brincadeira, o diretor do longa, Pete Docter, afirmou que tomou toda cautela para evitar que o feito do viúvo voador de "Up" tentasse ser repetido por desavisados em casa. "A primeira coisa que fizemos foi perguntar aos cientistas: quantos balões seriam necessários para fazer uma casa dessas levantar voo? Eles disseram: 26,5 milhões de balões. Então não há risco", defendeu. "De todo modo, há gente que faz essas coisas mesmo assim, não seremos nós que vamos mudar isso".
Docter revelou também que durante a fase de produção da animação, ele e sua equipe viajaram ao Brasil para visitar Roraima, especialmente as serras de escarpas típicas da região, na fronteira com a Venezuela, que serviram de inspiração para os belos cenários de "Up". "Ficamos escalando por dez horas. Eram dez animadores suando para chegar no topo", diverte-se o animador, que entre outros assina também a direção de "Monstros S/A".
Herói da terceira idade
Décimo filme de longa-metragem da Pixar, "Up" segue a tradição de ousadias - alguns chamariam de risco comercial - do estúdio fundado por John Lasseter, que chegou a colocar um rato na cozinha como herói do filme "Ratatouille" e a apresentar quase 30 minutos de imagens sem diálgos na abertura de "Wall.E". Protagonizado por um senhor da terceira idade, capaz de afastar as sempre abundantes ofertas de licenciamento no mundo da animação, "Up" aposta num ritmo mais lento, contemplativo, recheado de silêncios, que Lasseter credita à influência de Hayao Miyazaki, de "A viagem de Chihiro".
"É o que nos permite focar nos personagens", afirmou Lasseter na coletiva. "O importante, para mim, sempre foi achar o coração da história. Com a tecnologia que temos hoje, sei que podemos fazer sempre algo bonito, colorido, mas o mais difícil, o desafio, é encontrar o coração."
Parte de uma tradição que começou em Cannes ainda na década de 1940, com a premiação do desenho "Dumbo", da Disney, "Up" escreve um novo capítulo na história do festival ao transportar o público da sessão de gala de abertura ao novo mundo do cinema em tecnologia 3D. "Estou muito feliz. Abrir um dos festivais de maior prestígio do mundo é uma grande coisa nas nossas carreiras, mas o que quero ver mesmo hoje à noite é a imagem de toda essa gente dentro da sala de smoking e óculos 3D", brinca.
Festival de Cannes abre com desenho e relembra "fiasco" brasileiro
O 62º Festival de Cinema de Cannes começou nesta quarta-feira com a exibição do filme "Up - Altas Aventuras".
Trata-se da primeira animação a abrir o evento, o que foi amplamente comentado pela impressa internacional.As revistas "Paris Match" e "Variety" comentaram a abertura, que fez história em Cannes, e lembraram o filme que abriu o festival no ano passado, "Ensaio sobre a Cegueira", de Fernando Meirelles.
A "Variety", revista especializada na indústria cinematográfica dos EUA, aproveitou para alfinetar o filme do diretor brasileiro --duramente criticado no ano passado pela publicação. "'Up - Altas Aventuras' é uma mudança profunda das aberturas em Cannes nos últimos anos, incluindo 'Um Beijo Roubado' e o de 2008, 'Ensaio sobre a Cegueira' (que teria sido mais divertido com óculos 3-D)", publicou a revista. A "Variety" elogiou a escolha de "Up". "Apesar de rumores incansáveis sobre a frequência, o mercado e a gripe suína, o 62º Festival de Cinema de Cannes começou nas alturas com 'Up - Altas Aventuras', o desenho da Disney-Pixar que trouxe um elemento de diversão --uma palavra nem sempre associado a festivais de cinema-- para o Croisette", começa o texto sobre o festival na revista.
Já a revista francesa "Paris Match" publicou um texto intitulado "L'aventure, c'est l'ouverture" (a aventura é a abertura, em tradução livre). Já na introdução, o texto informa que os produtores dos estúdios Pixar e Walt Disney tiveram sorte com a recepção favorável do filme.